terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Vanquish - Análise



Fabricante: Platinum Games
Distribuidora: Sega
Data de lançamento:
EUA: 19/10/2010
Europa: 22/10/2010
Japão: 21/10/2010
Plataformas: Playstation 3 e Xbox 360
Gênero: TPS (Third Person Shooter), Ação
Interação Online: Ranking Global
Número de jogadores: 1 (um)
Troféus/Conquistas: Sim
DLC: Sim

VÃÃNCUÍSHHHHHH

   Aos nobres frequentadores da Taverna eu confesso: quando vi o anúncio de que um jogo chamado Vanquish estaria disponível para download na Playstation Plus, a primeira coisa que pensei foi algo do tipo: "O que esperar de um jogo, cujo o nome parece alguém espirrando?"

   Até então nunca tinha ouvido falar desse jogo e assim como vem se tornando um costume, não esperei nada demais, para não me decepcionar posteriormente. O que eu não sabia era que na verdade a única decepção foi ter julgado negativamente o jogo pelo nome, já que Vanquish [saúde!] se tornou um dos meus jogos favoritos dessa geração e não foi pela qualidade gráfica ou sonora, que são excepcionais, o que realmente me chamou a atenção no título foi a ação total e ininterrupta, é bem aquele tipo de jogo em que literalmente, se você espirrar [VANQUISH!] durante as batalhas, você roda e volta do checkpoint!


   É claro que para que um prato acabe ficando tão saboroso, obviamente em sua receita devem existir ingredientes secretos de ótima qualidade. E ingredientes de ótima qualidade são o que não faltam na produção do título. O jogo foi desenvolvido pela Platinum Games, que começou na recém-ultrapassada geração [foi fundada em 1 de agosto de 2006] e vem surpreendendo positivamente com seus títulos, e é a empresa na qual trabalha Hideki Kamiya, criador da franquia Bayonetta, um dos ícones do estilo hack'n slash dessa geração, e além disso a empresa também contou com a ajuda de um dos maiores gênios do mundo dos jogos eletrônicos: Shinji Mikami, que possuí um modesto currículo na história dos videogames, começando pelo Super Nintendo com clássicos como Alladin e Goof Troop, depois passando para as próximas gerações com franquias lendárias como Resident Evil e Dino Crisis [que eu jurava que teria tantas continuações quanto o Resident, mas infelizmente não aconteceu] e entre suas criações mais recentes estão Devil May Cry, Viewtiful Joe e Onimusha. Ou seja, quando o ingrediente Shinji Mikami é usado na receita, com certeza podemos esperar um prato saboroso.


   O jogo começou a ser desenvolvido em 2007 sendo concluído apenas três anos depois, e conta com uma trama que não é das mais originais, mas que possui seu caótico encanto: Em um futuro próximo, o mundo passou a ser pequeno demais para a quantidade de pessoas que o habitavam e a super população estava chegando muito próxima de esgotar as fontes de energia da Terra, o que acarretou em uma grande guerra entre as potências EUA e Rússia, guerra essa que acabou derrubando a economia de vários países. Como sempre os americanos se adiantaram e construíram uma colônia espacial que podia recolher e aproveitar a energia solar, e que de quebra e só por segurança, abrigava um canhão de microondas que poderia dizimar uma cidade facilmente, já que as microondas quando em contato com as pessoas fervia-lhes o sangue ainda dentro das próprias veias, o que acabaria num espetáculo não muito bonito. No decorrer de todo esse processo o país que mais acabou afetado com essa guerra foi a Rússia, e obviamente os russos não gostaram nada da ideia dos EUA de monopolizar a energia solar, e como sabemos russos não são famosos por resolverem seus problemas pacificamente, então tiveram a brilhante ideia, liderados pelo seu líder tirano Zaitsev, de invadir a colônia espacial e tomá-la, assim do nada.
   O que ninguém esperava é que os russos realmente conseguiriam invadir a colônia, pois conseguiram, e não só conseguiram como também resolveram usar o grande canhão contra seus próprios criadores e dizimaram toda a cidade de San Francisco [здесь иностранец не имеет никаких шансов!]. E como se já não bastasse, Zaitsev deixou bem claro que se os Estados Unidos não se rendesse, o próximo alvo seria a sua querida New York. E é com essa premissa que o jogo começa e o jogador assume o papel de Sam Guideon, um soldado super confiante e cheio de marra que foi escalado para subir até a colônia espacial e tomá-la dos russos antes que eles fervam o sangue dos habitantes de New York. Para essa missão ele recebeu um super presente que fez dele mais marrento e badass ainda, foi presenteado com a ARS (Augmented Reaction Suit) uma espécie de armadura super futurista criada pela DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency), a Agência de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa Avançada



   E é justamente a ARS o grande diferencial de Vanquish para os demais TPS, a armadura possui uma série de funcionalidades muito interessantes que fazem de Sam um soldado overpower o suficiente para derrotar exércitos de robôs sozinho e sem maiores dificuldades. Mas eis a questão: Sam não está sozinho nessa missão, ele vai acompanhado do Tenente-Coronel Robert Burns, um brutamontes com sua metralhadora giratória que além de tudo é um forte concorrente de Sam em sua "super fodisse", com um temperamento explosivo e pouca paciência, a dupla passará mais tempo discutindo do que realmente cooperando um com o outro, o que é uma boa, já que algumas discussões são bem engraçadas.
   A missão confiada a Sam é muito simples: salvar os EUA e aproveitar para coletar informações sobre a atuação ARS em batalha, para que possam, quando ele voltar para a Terra [vejam só, ele tem certeza que vai voltar] analisar os resultados, consertar os defeitos e aplicar as melhorias. E além disso Sam também recebe, só que secretamente, a missão de resgatar o Professor Candide, criador da ARS e trazê-lo de volta para a Terra. E é assim que começa a trama, com um objetivo na cabeça e uma armadura super-fodona integrada ao corpo pronta para a ação.



   A jogabilidade lembra bastante jogos do gênero: uma botão para mirar e um para atirar, um pra recarregar e um para trocar de arma, até então nada que fuja muito do padrão. O jogo possui um sistema de cover muito bem desenvolvido e o jogador pode se esconder atrás de praticamente tudo que há no cenário. Parte importante e criativa desse sistema é que os pontos de cover não duram para sempre, e se o jogador ficar muito tempo atrás do mesmo ponto os inimigos acabarão destruindo o mesmo, deixando o jogador exposto as suas rajadas de tiros. Os inimigos variam entre soldados russos e robôs que foram programados pelos russos para atacar os americanos. Apesar de não parecer, a variedade de inimigos é grande, existem vários modelos de robôs, cada qual com suas características e peculiaridades próprias e isso sem contar com os chefes, que são obras de arte monumentais e espetaculares feitas de ferro, lasers e muitas armas
   Como foi dito três parágrafos atrás: a ARS é o que diferencia Vanquish dos outros jogos do gênero e possuí duas grandes funcionalidades que serão vastamente utilizadas no decorrer jogo. Uma delas é uma espécie de Dash, apertando o botão correspondente Sam literalmente desliza de joelho pelo cenário com uma espécia de turbo, ele se desloca em uma velocidade consideravelmente rápida, o que é muito útil no caso de se encontrar em meio a um tiroteio sem nenhum ponto de cover, em segundos o jogador pode deslizar até encontrar um lugar seguro. Além de ser usado como defesa, o dash também pode ser usado para o ataque, o jogador pode deslizar pelo cenário e ainda massacrar os inimigos com o auxílio da outra funcionalidade excepcional da ARS, a Realidade Aumentada. Apesar do nome dar a parecer que é uma grande novidade master revolucionária, a realidade aumentada nada mais é do que o manjado efeito bullet time [Neo vs Agente Smith] onde tudo fica em câmera lenta, menos a mira do jogador, assim tornando possível matar vários inimigos de uma só vez em questão de segundos.



   A Realidade Aumentada pode ser usada em vários casos:

  • Dano: Quando jogador toma um dano muito grande a armadura automaticamente ativa o sistema de segurança e a Realidade Aumentada é ativada por alguns segundos.
  • Dash: Se o jogador estiver no meio de um dash e apertar o botão correspondente a mirar, Sam irá mirar já com a Realidade Aumentada ativada
  • Pulando barreiras: Se o jogador estiver se protegendo atrás de um ponto de cover, pular por cima do mesmo e mirar enquanto pula, a armadura também ativa a Realidade Aumentada
   Como já é de se esperar, nada disso dura eternamente. A ARS possui uma barra de energia, conforme o jogador usa as funções da armadura a barra vai se esvaziando. O lado bom é que se o jogador interromper o uso da função antes da barra se esvaziar completamente, a energia é recarregada em uma velocidade satisfatoriamente rápida; o lado ruim é que se a energia zerar completamente a armadura super-aquece, demora alguns segundos para voltar ao normal e recarregar, e enquanto está aquecida Sam sofre 30% a mais de dano e não pode usar nenhuma função até a armadura voltar ao normal. Ou seja, a ARS é uma benção, mas é preciso administrar com sabedoria seus recursos, caso contrário se tornará um alvo fácil.



   O jogador pode levar consigo até quatro armas, que são escolhidas pelo D-Pad. Entre as armas estão as clássicas desse tipo de jogo, como metralhadoras, rifles de precisão, espingardas e escopetas, granadas, além de um pequeno arsenal de armas futuristas, armas a laser, armas que atiram discos, nada que realmente seja tão útil quanto as armas clássicas. Todas as armas possuem um sistema interessante de upgrade, se você já estiver com a munição completa e ainda assim achar mais munição, o limite máximo de capacidade de munição da arma aumenta, o que torna o quesito exploração [mesmo não sendo o forte do jogo, já que é praticamente linear] algo ao menos viável. Além disso alguns inimigos também deixam itens que podem aumentar os atributos da arma e tudo isso pode ser conseguido facilmente, mas também perdido facilmente, já que se a energia vital chegar a zero e o jogador voltar ao checkpoint, voltará com as suas armas "cruas". Sam também possui o ataque corporal e pode desferir socos e chutes muito potentes que na maioria das vezes matam os inimigos de primeira, mas em contrapartida automaticamente super-aquece a ARS, fazendo desse um recurso não muito viável a não ser em emergências.
   A qualidade gráfica do jogo é surpreendente, vista a quantidade de sprites que aparecem na tela. Com a palheta de cores predominando entre o cinza e o azul o jogo passa um ambiente hostil e futurista, que ao mesmo tempo é muito agradável e bonito. É possível ver no horizonte a cúpula que envolve a colônia, tudo repleto de pistões e mecanismos elétricos, e mais ao fundo o espaço. Mesmo a quantidade de inimigos que aparecem ao mesmo tempo sendo consideravelmente grande, não há queda de frames em momento algum e o jogo corre lisinho do começo ao fim. Sam possui movimentos firmes e bem detalhados, durante a troca de armas é possível ver o mecanismo do braço de Sam abrir, recolher a arma atual e recolocar a selecionada no lugar tudo em uma fração de segundos. Destaque também para os chefes, que na sua maioria são colossais e possuem incontáveis detalhes, articulações e armas para te surpreender. 



   Outro quesito gráfico que merece atenção é a forma como os robôs inimigos são destruídos, é possível ver a cada tiro, faíscas saírem ao impacto, pedaços de metal se desprenderem e caírem no chão, assim como pequenos curtos elétricos, tudo com uma maestria incrível e com uma qualidade frenética que destacou a Platinum Games entre as desenvolvedoras recém-criadas.
   A trilha sonora do jogo é tão frenética quanto o mesmo, com batidas fortes e rápidas as músicas emergem o jogador na atmosfera semi-epilética do jogo. Destaque também para os efeitos sonoros que, na parte de sonoplastia, é o grande acerto da Platinum. Os efeitos são incríveis e é possível ouvir articulações mecânicas dos robôs, uma a uma, assim como cada tiro, cada laser e cada explosão que acontece na tela, juntamente com curtos circuítos e pedaços de metal caindo no chão, um grande acerto da produtora! Acerto esse que infelizmente não se repetiu na dublagem.



   Ao menos a dublagem em inglês, que foi a que jogamos, deixa a desejar em diversos momentos. Com diálogos excessivamente exagerados e vozes às vezes fora de sincronia o trabalho ficou com cara de que foi feito as pressas, semanas antes do lançamento. Algo realmente chato para um jogo tão maneiro, mas que ainda assim não prejudica a jogatina.
   O jogo não é dos maiores e possui ao todo 5 atos que são divididos em pequenas missões, uns com mais e outros com menos. Em média a campanha pode ser concluída em cerca de seis horas, o que não é um número muito grande em vista dos jogos lançados atualmente. A dificuldade inicial não é muito desafiadora e o jogo conta com vários checkpoints, que são encontrados basicamente a cada onda de inimigos que o jogador deixa pra trás. A proximidade dos checkpoints pode ser visto por alguns como vantagem e por outros não, o lance é fazer com que o jogador morra e continue jogando, já que não perderá muito progresso, ao invés de frustrá-lo e fazê-lo voltar 20 minutos atrás, possivelmente acarretando no desligamento do console ou na troca de jogo. Parece besteira mas funciona!



   O jogo não possuí nenhum modo multiplayer e a única interação online que ele possuí é um sistema de Ranking bem parecido com DmC e Bayonetta, onde ao completar cada fase o jogador recebe uma quantia de pontos dependendo da sua performance. Ao terminar o jogo são destravadas as dificuldades Hard e God Hard [essa segunda, de acordo com Mikami, é exclusiva para masoquistas], além de liberar também o Tactical Challenge, uma sequência de cinco desafios que aumentam de dificuldade gradativamente, desafiando a habilidade, paciência e perseverança do jogador, já que nesse modo não tem colher de chá, morreu tem que começar tudo de novo.
   Agora me digam, como eu poderia esperar tudo isso de um jogo do qual o nome simula um espirro? Com isso, Mikami conseguiu acrescentar mais um trabalho fantástico em seu currículo, e fez de Vanquish uma prova de que não se deve julgar um livro pela capa [nem pelo nome]. Se você leitor um dia tiver a chance de jogar esse título da Platinum Games, não deixe passar e dê uma chance a Sam e em minutos estará achando a extrema falta de modéstia dele e as intermináveis discussões com o Tenente-Coronel Burns simplesmente adoráveis.







RESUMO

Prós:
-Ação frenética do começo ao fim
-Excelente qualidade gráfica sem queda de frames
-Efeitos sonoros de primeira linha
-Tactical Challenge aumenta a vida útil do jogo [aumenta também suas chances de sofrer um AVC]

Contras:
-Diálogos um pouco exagerados
-Dublagem não corresponde ao resto da obra, deixando a desejar
-Falta de um modo Multiplayer
-Linearidade e falta do quesito exploração


GAMEPLAY XBOX 360

GAMEPLAY PS3

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